quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

dramaremix 07.12




Desconheço seu rosto
Não sei a profundidade dos seus olhos
As vezes é necessário deixar certas coisas de lado
Você não pode me amar
Você não sabe me amar
Absorvo a crueldade desde que nasci
Poderia me dar um trocado pra almoçar?
Um beijo
Silêncio
Tem essa de é proibido fumar não.
É proibido produzir fumaça
Pode cobrar, mas sem martelar
Pode cobrar, mas sem me sujar
Pode cobrar, mas sem me envergonhar
Pode cobrar, mas tem que dar pra usar
Vou errando enquanto o tempo deixar passar o bloco na Avenida Brasil.
Estados Unidos da América Central do Brasil. Saara. Méier.
Se o transporte público fosse bom teria que ser pago pelos filhos da puta e as éguas do terraço.
Na favela não tem GPS
A dor
O sofrimento
A tendência do teatro contemporâneo
Um avião faz elefantinho
Dois aviões fazem indiozinhos
O aqui e agora
O misto custa 3,00
O medo custa 30,00
O rancho da Dilma custa de 30.000 pra cima
Rancho de trânsito
Ranço de paz
Rancor de jóias
O mundo ideal não é rancho da pamonha
Rancho de muito mais americanos.
A bunda da popozuda a gente bota na lama
Tudo à minha volta grita
Grito surdo
Grito mudo
Estou invisível
Estou mudo pois não consigo parar de falar
Estou surdo pois não há silêncio
Descanse em paz
Não sei se isso interessa
Talvez um dia
Não agora
Agora não mais. Não mais agonia. Não mais dor. Não mais morte.
Carros, pecados, capitais, buzinas, anunciam que é pro inferno que a cidade vai parar
Se alguém que nunca viu o mar te pedisse para descrevê-lo, o que você diria?
O que é sonhar?
Como é a cidade onde você vive?
Quem é você?


--- dramaturgia produzida a partir dos ensaios de 03.12 e 07.12 / 2013

.

domingo, 8 de dezembro de 2013

ainda sobre liberdade

com a liberdade, só os cretinos
mais incautos passaram a ser má gente. tudo o resto
preza‑se
e cabe na sociedade de queixo erguido.

e isso
leva‑nos
a quê. perguntei eu

a quê, retorquiu, exultante
pelo meu aparente interesse.

sim, respondi algo provocador,
o que quer dizer com isso, na verdade, na prática, o
que significa uma afirmação toda ensimesmada dessas.

ele
voltou a pousar a caneta,
pôs‑se de pé com ar de quem faria um rodeio interminável mas,
depois da hesitação, foi directo ao assunto. respondeu,
num tempo em que todos somos bons homens
a culpa tem de atingir os inocentes.

pensei nos inocentes.
não sou um homem piedoso. não há inocentes.



--- fragmento do romance
a máquina de fazer espanhóis
valter hugo mãe ---


.

sábado, 7 de dezembro de 2013

segundo ato

chegamos juntos à cidade

atravesse a rua

-
-
-
-
-
-

pare. olhe. escute.

mesmo sendo cego e surdo


João e Maria, diferente de nós, não são livres

Eles, diferente de nós, não conhecem as maravilhas da tecnologia, que liberta

Eles, diferente de nós, não tem dinheiro

Eles, diferente de nós, não aproveitam o máximo da vida

Afinal, aqui é a terra da liberdade, do futebol, da alegria, da cerveja no fim de tarde

É a terra onde se trabalha dobrado e se recebe a metade

É a cidade da copa

Verde e amarela e cada vez mais - vermelha

Pobres os que não conhecem

Afinal, nem tá tão bom, mas é o melhor lugar do mundo

Eles não sabem o que estão perdendo

Aqui tá... maravilhoso

A gente é muito. feliz

A cidade tá! ótima.

Tem perigo, mas a gente já sabe se defender

É só andar morrendo de medo que ta tudo bem

Tá tudo em ordem com o choque de ordem ficou tudo ótimo maravilhoso resolvido e em paz não tem ninguém histérico nessa cidade

Nada é absurdo aqui imagina nem foi a gente que se acostumou com a crueldade absurda da cidade

E os dois lá, sem gozar de toda essa.

liberdade. que temos.


né?








domingo, 1 de dezembro de 2013

sobre


O importante no teatro são os nossos espaços de liberdade

Liberdade de ir e voltar

Errar

Voltar novamente

Ser errante

E principalmente espaço onde cada um pode fazer do processo seu laboratório pessoal, onde desafia e testa suas questões consigo mesmo, com o corpo e com a cena




.